sábado, 21 de janeiro de 2012

Uma Janela Aberta para o Mundo - 20 Janeiro 2012


Tal como o previsto e, ao mesmo tempo, muito para além das expectativas: tal foi a sessão inaugural deste ano dedicado, na Comunidade Cristã da Serra do Pilar, aos 50 anos do início do II Concílio Vaticano. Desde logo pelo número bastante grande de pessoas presentes, muitas das quais cuja presença não é habitual na comunidade. Depois pela bela conferência partilhada pelo pe. Arlindo Magalhães.

Torna-se fácil falar dos temas e das experiências que nos apaixonam; desde logo foi a frase de abertura da conferência: "O Concílio foi o acontecimento mais marcante da minha vida". Um Concílio que tantas expectativas criou, na Igreja como fora nela, e que tantas "ondas" levantou, numa Igreja que, ainda bem, é um organismo vivo e por isso com conflitos, dramas, tensões, experiências. Um Concílio que surgiu de modo inesperado da sabedoria e génio do Papa João XXIII mas que, como bem o reflectimos nesta noite, foi um Concílio nascido e pedido pelos movimentos de renovação pastoral, eclesial, bíblica, teológica e litúrgica que, desde a segunda metade do século XIX, foram crescendo no seio da Igreja. O 20º Concílio na história da Igreja, mas um Concílio inédito tanto pelo número de bispos presentes (cerca de dois mil), como pela presença de observadores, tanto de leigos como de líderes de outras Igrejas Cristãs e de outras Religiões.

Ao pedido fundamental do Papa João XXIII - o de um Concílio Pastoral, que se dedicasse à relação da Igreja com o Mundo e à renovação da linguagem da Fé - respondeu o Concílio com uma série de mudanças que renovaram por completo a compreensão que a Igreja tem de si própria assim como da sua relação com o Mundo e as Outras Igrejas e Religiões. Questões como a "igualdade fundamental dos crentes" (LG 32), a identificação com as "alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo" (GS 1), a reflexão sobre a Revelação e a Tradição ou a Reforma Litúrgica são algumas, entre outras, às quais nos dedicaremos a reflectir durante este ano. Entre todas, destaca-se o esquema utilizado na elaboração do documento Lumen Gentium, na qual o capitulo sobre a Igreja como Povo se encontra antes dos capítulos sobre a Hierarquia, os Leigos e os Religiosos: trata-se de uma verdadeira "Revolução Copernicana".

A expressão "Revolução Copernicana" foi utilizada pelo cardeal Suenens, em 1970, num congresso celebrativo do Concílio, 5 anos depois do seu final, pela revista Concilium, que editou um número especial com as intervenções do Congresso. Dizia Suenens, referindo-se à inversão que a noção de Povo causou - tratar-se do Povo antes do Papa e dos Bispos! -: “esta inversão impõe-se-nos como uma espécie de constante revolução mental, cujas consequências ainda não acabamos de medir!"

E hoje, onde encontramos presentes estas linhas fundamentais que o Concílio traçou? Na prática pastoral, na reflexão teológica, nos pronunciamentos do Magistério, na vida das Comunidades? Fará o Concílio parte apenas da história, para ser recordado com saudade ou com ironia? São retiradas todas as consequências destas intuições e revoluções? Precisa o Concílio de ser interpretado ou de ser aplicado, pergunta esta que foi lançada durante a conferência. Cerca de 120 pessoas, numa noite não excessivamente fria (temperada até, depois, com um cházinho), no belo salão nobre do quartel do RA5 da Serra do Pilar. Fica o próximo encontro, 24 de Fevereiro, à mesma hora.


1 comentário:

  1. Muito bom! Foi uma noite em pleno com a belíssima intervenção do Sr. Pe. Arlindo, presbítero da comunidade cristã da Serra do PIlar.

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