Foi na passada sexta-feira, 27 de Abril, que a caríssima teóloga e religiosa da Congregação das Franciscanas Missionárias de Maria, Sara Renca, nos partilhou uma clara e fundamentada conferência sobre a Condição Batismal e o Papel da Mulher na Igreja tal como apontou o Concílio Vaticano II.
Foram essencialmente três os eixos nos quais esta Engenheira de Minas de formação partiu para abordar o tema: a passagem de Lg 9 e 32, a leitura de Gen 1,26-28, e a própria actuação de Jesus junto das mulheres do seu tempo, como o podemos entrever em passagens como Jo 8,1-11. Dos três eixos destaca-se como, ao longo das Escrituras como no próprio Concílio, o papel da mulher foi reconhecido como de igual dignidade e condição face ao homen, mesmo em contextos culturais nos quais tal não era evidente, e continua a não o ser.
No próprio Novo Testamento, 20% dos nomes próprios reconhecidos nos discípulos de Jesus pertencem a mulheres; são muitas as que surgem na longa lista de saudações enviadas pelo Apóstolo Paulo em Rom 16. Diversos indícios permitem sugerir que, num contexto cultural adverso, as mulheres desempenham um papel activo no cristianismo nascente, numa dignidade activa que foi concedida pelo próprio Jesus, acompanhado ao longo do seu ministério por mulheres - outro elemento que constitui uma novidade no seu tempo.
E em relação ao papel da mulher, hoje, na Igreja? Este foi o tema que esteve de modo latente presente na assembleia mas que a conferencista- e muito bem - optou por fundamentar primeiro com o percurso bíblico e conciliar sobre a igual dignidade e condição da mulher. O que obriga a retirar consequências práticas, hoje também - ou então não seria necessário este tema de conferência, como bem realçou Sara Renca no início do encontro. E aqui, entram sobretudo o tempo e o diálogo - diálogo que a conferencista realçou por diversas vezes que o Magistério se encontra disponível, a partir da homilia da Missa Crismal deste ano de Bento XVI. Trata-se, no fundo, de continuar a descobrir o que proclamou Paulo VI na Mensagem de Conclusão do Concílio Vaticano II:
«A Igreja orgulha-se, como sabeis, de ter dignificado e libertado a
mulher, de ter feito brilhar durante os séculos, na diversidade de caracteres, a
sua igualdade fundamental com o homem. Mas a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se
realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire na cidade uma influência,
um alcance, um poder jamais conseguidos até aqui.»